Pesquisa Científica no Brasil: “As Condições de Trabalho e Baixa Valorização Levaram a um Movimento de Fuga dos Cérebros”, Aponta Professor

Pesquisa Científica no Brasil: “As Condições de Trabalho e Baixa Valorização Levaram a um Movimento de Fuga dos Cérebros”, Aponta Professor

Apesar de avanços notáveis, profissionais da área tiveram que lidar com falta de reajuste de bolsa por uma década;

Nos últimos anos, a importância da ciência e da pesquisa científica foi reiterada com a pandemia da Covid-19. Produzir uma vacina em um mínimo intervalo de tempo só foi possível com os avanços científicos. No cenário nacional, pesquisadores se destacaram mundialmente. Instituições de renome como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e universidades de todo o país lideraram estudos cruciais como a sequência genômica do SARS-CoV-2, o desenvolvimento de vacinas e estratégias de manejo epidemiológico.

Apesar disso, os investimentos em pesquisas no país seguem diminuindo. O baixo incentivo financeiro, a falta de recursos e a má absorção no mercado de trabalho são alguns dos motivos que tornam a carreira científica pouco atraente para novos talentos e causam o abandono de projetos pelos mais experientes. Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a produção científica do país é 90% realizada por mestrandos e doutorandos. Apesar disso, os valores das bolsas de pesquisa foram congelados entre 2013 e 2023, tendo um reajuste de apenas 40%.

“As condições de trabalho e baixa valorizaram levaram a um movimento de fuga dos cérebros. Pesquisadores brasileiros altamente qualificados vão para o exterior buscar novas oportunidades. Devido à ineficiência dos gastos com pesquisa no Brasil e à propaganda negativa do governo anterior, estamos assistindo a carreira científica perder prestígio no país”, avalia o professor Paulo Jubilut, biólogo pela UFSC, Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental e criador da plataforma de ensino Aprova Total.

Para Jubilut, esse movimento significa uma futura falta de profissionais qualificados para trabalhar em grandes desafios científicos no país, como problemas ambientais e estratégias para reduzir impactos das mudanças climáticas. “Cerca de 95% das pesquisas científicas produzidas no Brasil são realizadas em universidades públicas, enquanto apenas 5% são desenvolvidas por instituições privadas. Essa concentração coloca uma pressão enorme sobre as universidades, que enfrentam dificuldades para transformar descobertas em produtos comercializáveis”, reforça.

A falta de parceria entre universidades e empresas é um dos fatores que impedem a aplicação prática das pesquisas e a geração de renda a partir delas. “Como biólogo e professor, vejo com preocupação a falta de incentivo à ciência no Brasil. Enquanto países como a Alemanha investem significativamente em pesquisa e desenvolvimento, garantindo avanços tecnológicos e melhorias na qualidade de vida, aqui enfrentamos desafios diários para obter financiamento e apoio. Esse cenário prejudica não apenas o avanço científico, mas também a formação de novos pesquisadores e a inovação tecnológica no país”, avalia Jubilut.

Projetos nacionais que incentivam a produção científica

Apesar de ainda pouco difundidos, existem alguns projetos públicos e privados que têm como intuito incentivar a produção científica no país. “Ao apoiar projetos que incentivam a produção científica, tanto públicos quanto privados, estamos investindo no futuro do país. Um exemplo inspirador é o Instituto Serrapilheira, que financia pesquisas inovadoras em ciências naturais e matemática no Brasil”, salienta Jubilut.

Esses projetos não apenas impulsionam descobertas científicas cruciais, mas também fortalecem a capacidade do Brasil de competir globalmente em áreas estratégicas de conhecimento. Conheça algumas dessas iniciativas:

1. CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico): Financia pesquisas em todas as áreas do conhecimento, concedendo bolsas de estudo e pesquisa.

2. FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo): Financia projetos de pesquisa em São Paulo e promove colaborações internacionais.

4. FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos): Financia projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em empresas e instituições de pesquisa.

5. Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária): Desenvolve pesquisas em agricultura e pecuária, promovendo inovação no setor agropecuário.

6. Fundação Grupo Boticário: Financia projetos de pesquisa e conservação da biodiversidade no Brasil.

7. Fundação Lemann: Investe em educação e pesquisa para promover melhorias na educação pública brasileira.

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