Operadores Logísticos Miram Redução Média de 37% nas Emissões de CO2 em Até Oito Anos
O cumprimento da meta está alinhado a iniciativas como a diminuição da idade média da frota para o transporte de cargas, otimização da malha, maior roteirização, veículos elétricos e fontes de energia renovável mais modernas. Os dados fazem parte da edição 2024 do ‘Perfil dos Operadores Logísticos’, promovido pela ABOL.
Em meio a uma jornada para mitigar os impactos das operações no meio ambiente, Operadores Logísticos (OLs) têm como objetivo reduzir ou até mesmo zerar a pegada de carbono nos próximos anos, investindo em renovação da frota, veículos elétricos, energia renovável, entre outras ações. É o que diz a edição 2024 do ‘Perfil dos Operadores Logísticos’, estudo promovido desde 2014, a cada dois anos, pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), e encomendado ao Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS). Pela primeira vez, a pesquisa abordou o tema descarbonização.
Para reduzir em 37% as emissões de CO2 em até oito anos ou mesmo zerá-las nos próximos 20 a 26 anos, 63% dos OLs respondentes da pesquisa afirmaram que atualmente vêm investindo em ações de descarbonização, porém sem qualquer tipo de repasse aos clientes ou incremento no preço final dos serviços oferecidos. E o desafio está aí, já que apenas 3% conseguem repassar os custos de projetos mais verdes – e por vezes mais caros – ao seu cliente final.
“É imprescindível que todos os interessados (Operadores Logísticos, clientes e fornecedores) sejam parte ativa na jornada de descarbonização, compartilhando responsabilidades e até mesmo os custos iniciais de projetos que, preferencialmente, possam ser escaláveis e oferecidos a outros clientes, de nichos diversos”, diz a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha.
A pesquisa também revela que os OLs estão criando áreas cada vez mais dedicadas para tratar do tema. O levantamento aponta que caiu de 18% para 6% o número de OLs sem departamentos de Sustentabilidade em sua organização, em relação à pesquisa de 2022. Também subiu de 19% para 39% o número de empresas que, além de terem metas e objetivos estabelecidos, contam com um orçamento definido para atender especificamente às demandas da área.
“Em relação às medidas específicas para o controle de emissões em andamento pelo nosso segmento, podemos dividi-las em ações de curto, médio e longo prazos, por dependermos de soluções que ainda estão em estágio de amadurecimento aqui no Brasil”, explica Marcella.
Entre as iniciativas de curto prazo e implementação mais rápida, a pesquisa destacou que 55% dos operadores estão comprometidos com a redução da idade média da frota; 47% com a otimização da malha logística, e outros 47% com uma melhor roteirização. Entre outras medidas já adotadas estão o uso de veículos elétricos (41%) e de outras energias renováveis (53%).
A preocupação do setor está alinhada a um cenário no qual 13% das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) são produzidas pelo segmento de transporte, uma das áreas de atuação dos operadores, além da armazenagem e gestão de estoque.
A busca por outras fontes de combustível também faz parte dos planos dos OLs dentro da premissa ESG (Environmental, Social and Governance). A eletricidade para veículos, conforme apontado por 39% das empresas consultadas, teve a preferência. Outras opções em uso são o etanol (33%) e o GNV (26%). Ambos possuem baixos níveis de emissão de carbono e maior quantidade de pontos de abastecimento espalhados pelo país.
“As soluções de médio e longo prazos envolvem o uso de fontes de combustíveis alternativos, como o biogás, o HVO (diesel verde), o Hidrogênio Verde, entre outros. A aposta atual segue sendo nas fontes disponíveis e já consolidadas no mercado, como a energia elétrica, o etanol/álcool e no GNV, mas estamos cientes de que as outras fontes em desenvolvimento no país apresentam uma cadeia de produção ainda mais limpa, com baixíssima emissão de GEE. Nossa expectativa é que essas soluções se desenvolvam de forma mais célere”, explica a diretora executiva.
A ABOL tem auxiliado os operadores e participado ativamente dos processos ligados à redução da pegada de carbono, por meio do grupo ESG, que há quase três anos vem desenvolvendo ações e projetos importantes para contribuir de forma direta com as necessidades de cada associada, diante dos estágios diferentes de maturidade dos OLs. Ainda este ano, a Associação entregará também às afiliadas o projeto piloto ‘Inventário de Emissões dos Associados à ABOL’.
Além disso, a entidade acompanha de perto a regulamentação do ‘Mercado de Carbono’ brasileiro, em tramitação no Congresso Nacional, assim como o ‘PL dos Combustíveis do Futuro’, que incentiva o desenvolvimento de tecnologias e alternativas menos poluentes.
Receita Bruta, arrecadação, trabalho e investimentos
A pesquisa para a elaboração do novo ‘Perfil dos Operadores Logísticos’ estimou um universo de 1.300 empresas, de pequeno, médio e grande portes, que atenderam a pré-requisitos determinados, como a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e serviços oferecidos.
O relatório revelou também que, em 2023 os Operadores Logísticos registraram Receita Bruta Operacional (ROB) de R$192 bilhões, cerca de 15% a mais do que o verificado em 2021, última vez em que o montante foi apurado e ficou em R$166 bilhões. O valor atual é equivalente a quase 2% do PIB e a 17% dos custos de transporte e armazenagem do País, que somam R$1,1 trilhão. 76% das empresas informaram aumento no faturamento.
No período, os OLs arrecadaram R$ 43 bilhões em tributos. Quando comparado ao total de impostos recolhidos no Brasil, os OLs foram responsáveis por 0,5%, 1,1% e 0,7% do máximo arrecadado pelas esferas municipais, estaduais e federais, respectivamente. Além disso, foram responsáveis por cerca de 2,3 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo a maioria no regime CLT, no ano passado.
Sobre a ABOL
Regulamentar a atividade dos Operadores Logísticos (OL), responsáveis pelos serviços de transporte, armazenagem, e gestão de estoque, e garantir maior segurança jurídica, competitividade e sustentabilidade ao setor. Este é um dos grandes propósitos da ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos. Desde 2012, a entidade representa, promove e trabalha em prol do desenvolvimento do setor e na defesa do protagonismo e essencialidade dos operadores associados, empresas nacionais e multinacionais que atendem as mais diversas cadeias produtivas e que, juntas, detêm 16% da Receita Bruta de todo o mercado.
Mais informações: www.abolbrasil.org.br