Empresas Apostam em Políticas ESG como Forma de Revolucionar o Mercado

Empresas Apostam em Políticas ESG como Forma de Revolucionar o Mercado

Conceito importante para acelerar desenvolvimento humano e empresarial, práticas são realizadas por 47% dos executivos

Conceito Importante para fomentar o mercado, o ESG têm impactado positivamente no modelo organizacional das empresas, investidores e stakeholders. É nesse contexto que CEOs, presidentes e vice-presidentes de empresas têm tomado as rédeas das pautas de Governança Ambiental, Social e Corporativa que compõem a sigla.

Os dados confirmam. Segundo uma pesquisa da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio), realizada entre março e abril de 2023, 82% dos executivos entrevistados  se sentem responsáveis por expandir os compromissos com as agendas ambientais, sociais e corporativas, apesar de apenas 47% das empresas adotarem de fato as práticas em suas atividades.

Importante marco para o desenvolvimento laboral, o ESG se mostra uma tendência para o amadurecimento dos procedimentos referentes às produções. Para se ter uma ideia, segundo dados divulgados pela ESG Capco Journal of Financial Transformation nº 56, da Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros, o “Redesigning Data Assimilation and Sourcing Strategies”, os especialistas afirmam que a demanda pela qualidade das informações ESG só tende a crescer. 

Pensando nisso,  separamos a visão de alguns especialistas do setor sobre os impactos da medida nas atividades laborais, além das tendências que marcarão o futuro das ocupações. Veja abaixo:

Marcelo Erthal, CEO e sociofundador da clickCompliance

O ESG deixou de ser um tema restrito a áreas de responsabilidade social para se tornar uma questão estratégica para empresas de diversos setores. A adoção de práticas sustentáveis e éticas não só contribui para a mitigação de riscos e a melhoria da eficiência operacional, como também atrai investimentos de impacto e demonstra comprometimento com a construção de um futuro mais justo e equilibrado.

Para Marcelo Erthal, CEO do clickCompliance, “o ESG não é mais um assunto opcional para as empresas que desejam se manter competitivas a longo prazo. Além de mitigar riscos e melhorar a eficiência operacional, a adoção de práticas sustentáveis e éticas é uma forma de demonstrar compromisso com a construção de um futuro mais justo e equilibrado”. 

Dione ManettiCEO da Pragma Soluções Sustentáveis
“A logística reversa como parte da economia circular é a chave para colocar em prática o ‘ambiental’ e o social do ESG nas grandes empresas”, aponta Dione Manetti, CEO da Pragma Soluções Sustentáveis e presidente do Instituto Pragma. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a produção de resíduos urbanos deve chegar a 2,2 bilhões de toneladas até 2025. A implementação de práticas de logística reversa pode ajudar a reduzir essa quantidade e a garantir o reaproveitamento de materiais.

Dione Manetti ressalta, ainda, que começar pelo reaproveitamento daquilo que se produz, priorizando a parceria com organizações de catadores,  gera impactos positivos em termos ambientais, além de fomentar práticas inclusivas, dando materialidade aos compromissos de grandes companhias.

“É preciso reconhecer o potencial econômico, social e ambiental da gestão integrada de resíduos sólidos e da economia circular, colocando em prática ações concretas que gerem impacto positivo na sociedade e no planeta. A Pragma está aqui justamente para conectar as empresas com organizações e pessoas que têm compromisso com a construção de um planeta sustentável”, enfatiza o CEO da Pragma.

Ana Paula Prado, CEO do Infojobs

“O RH de uma empresa é fundamental para a implementação de políticas de ESG”. A afirmação é de Ana Paula Prado, CEO do Infojobs. A executiva enfatiza que uma das áreas é Social, que compreende o relacionamento da organização com colaboradores, parceiros, investidores e sociedade de maneira geral. Sendo assim, a atuação de profissionais especializados é fundamental para a sustentabilidade do negócio nesse aspecto. 

Existem ações simples, voltadas para a gestão dos recursos ambientais como treinamentos, ações de conscientização e  o posicionamento de placas com instruções no ambiente corporativo, visando a importância da reciclagem ou economia de água, por exemplo. Mas, para ir além, é preciso olhar para o todo e lembrar que ESG não se trata apenas de meio ambiente, a governança nos processos é um ponto fundamental dentro das organizações . 

“Tudo inicia no processo seletivo, que deve ser inclusivo e também promover vagas afirmativas. Uma vez que a equipe diversa é estruturada, cabe ao RH elaborar planos de carreira e promover oportunidades de crescimento com equidade”, explica. 

Simultaneamente, a mentalidade das lideranças em relação aos objetivos do negócio deve ser trabalhada. Isso significa desenvolver programas de desenvolvimento com abordagens específicas para ESG e aplicações no dia a dia. “A capacitação constante transforma os profissionais. E funciona como um dominó. Uma vez que uma pessoa capta a ideia, passa para a outra e assim sucessivamente”, defende. 

Vinícius Gallafrio, CEO da MadeinWeb

 A migração para a nuvem e as modernizações tecnológicas são fundamentais no mundo dos negócios e contribuem para a sustentabilidade. Para ter noção, um estudo realizado pela Accenture mostrou que a mudança de dados para a nuvem reduz a emissão de 59 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Em comparação com a infraestrutura convencional, as migrações iniciais são capazes de reduzir as emissões em mais de 84% e podem ser ainda maiores com o desenvolvimento de aplicações específicas, chegando a 98%.

De acordo com Vinícius Gallafrio, CEO da MadeinWeb, além da modernização impactar positivamente a imagem da empresa para a sociedade e investidores, mostrando a valorização da responsabilidade social e ambiental, também facilita e aprimora processos de monitoramento e gestão de ambientes de infraestrutura e serviço.  “Uma empresa que adota novas tecnologias melhora não somente a eficiência e diminui custos operacionais, como contribui para a sustentabilidade, com baixo consumo de energia e recursos naturais”, opina. 

Eduardo Carone, CEO da Atlas Governance

De alguns anos para cá a sociedade começou a rejeitar empresas que não adotam boas práticas ESG. Mas, a influência do consumidor, de fato, depende muito do caso. Do ponto de vista do consumo, em empresas voltadas para um público de baixa renda que tem menos informação o impacto é muito menor. Já naquelas que interagem com o mercado financeiro, o impacto é cinco vezes maior. No Brasil, ainda falta a administração pública entender a importância do ESG. O aspecto social, por exemplo, passa por inclusão, diversidade e equidade. Ainda que o processo vá se estabelecer naturalmente nas empresas pela pressão do capital, quando o governo contribui, acelera a adoção de boas práticas. Um caso é a Alemanha, onde existe lei que determina um percentual mínimo de mulheres nos Conselhos. Aqui fomos prejudicados por uma onda de eleição de governos de extrema direita com bases conservadoras. Isso é o oposto do progresso quando falamos sob os aspectos de boas práticas ESG. A falta de um exemplo, vindo de cima, dificulta muito o processo de mudança. Um exemplo recente é a explosão de casos de empresas que foram flagradas com trabalhadores em regime análogo ao da escravidão, muitas vezes por conta de terceiros. Porém, o dano na imagem é para a empresa contratante antes do terceirizado. Por isso que a governança precisa estar na base da estratégia para que a jornada sustentável de uma companhia seja consistente e não apenas marqueteira. Companhias com esse pilar bem desenvolvido são aquelas que cuidam da lisura de suas atividades, garantindo a independência do conselho de administração e investindo em mecanismos de prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa. As organizações precisam existir sem causar impacto negativo no meio ambiente, senão nós não vamos ter um planeta em algum tempo. Isso passa a ser uma necessidade e o G é o meio para isso, porque essas discussões acontecem no conselho de administração, no comitê de sustentabilidade, na aprovação de um orçamento.

Thiago Barbosa, diretor executivo Latam da LexisNexis | Nexis Solutions

A utilização de boas práticas de governança tem se mostrado fundamental nos últimos anos para assegurar o sucesso e perenidade das organizações, principalmente no que diz respeito à segurança e retorno financeiro aos sócios. Não à toa, a pressão para gerenciar riscos de forma proativa é maior do que nunca, sendo a pauta ESG mais um elemento dessa nova forma de condução de negócios. É nítido para todos que a pauta ESG está mudando as estratégias de investimento globalmente, e quando aliada às demais políticas de boas práticas e transparência na governança corporativa, têm-se oportunidades tangíveis para agregar valor e gerar riqueza de forma sustentável. Um dos principais aspectos a serem considerados, para aumentar o nível de governança, é justamente a sedimentação dos processos de Investigação e Due Diligence como peças fundamentais para mapear as tendências de risco e garantir segurança aos negócios. Ou seja, dentro desse escopo, incluir a pauta ESG nesses processos passa a ser quase que obrigatório para garantir que a organização esteja em linha com essas novas estratégias de investimento e avaliação.  

Sobre o caso das Lojas Americanas, Thiago afirma que “uma política ESG bem aplicada, consistente e com mecanismos de verificação recorrentes teria evitado que o rombo se estendesse e, consequentemente, se tornasse tão vultoso, como ocorreu neste caso. Isso mostra que o comprometimento da alta direção, bem como a criação de mecanismos de verificação recorrentes e a utilização de ferramentas adequadas para checagem são primordiais para que as políticas não fiquem apenas no papel”. 

Além disso, o cenário do ESG no Brasil ainda é iniciante, e aponta a falta de boa governança nas empresas, uma cultura organizacional focada no lucro a qualquer custo e o aumento da fiscalização como principais problemas hoje. “A ética e transparência (pilares óbvios da boa governança corporativa) ainda não são os efetivos pilares do modelo empresarial de muitas organizações que atuam no mercado brasileiro”, afirma o especialista.

Lívia Hallak, Portfólio Manager da Oxygea

Os compromissos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável são um guia para empresas que estejam comprometidas com sustentabilidade. Entre os 17 objetivos estão questões de água limpa e saneamento, comunidades sustentáveis, produção e consumo sustentáveis, ação climática, vida na água e vida terrestre, que já estão sendo incorporados na estratégia de muitas corporações. Um relatório do CDP aponta que desde 2010 já foram investidos mais de US$ 320 bilhões em tecnologias de baixo carbono, onde 30% das empresas estabeleceram metas de emissões zero líquidas até 2050 ou antes, e 23% estabeleceram metas de redução de emissões indiretas relacionadas a fornecedores e clientes.

“Apesar de ter capital, áreas de P&D robustas e estrutura para testar novos processos, a inovação em algumas áreas da indústria pode ser mais desafiadora devido à complexidade dos processos produtivos, competição por recursos para produção e longos prazos de pesquisa e desenvolvimento, além de desafios de engenharia. Por isso essas corporações precisam se conectar com o ecossistema de Open Innovation para acelerar a sua curva de inovação e viabilizar o alcance dos compromissos de sustentabilidade. É nesse contexto que criamos a Oxygea. O veículo de investimentos e aceleradora de startups que vai fomentar a inovação sustentável que vai transformar o futuro da indústria, e a vida das pessoas”, aponta Lívia.

Francisco Pereira, Diretor de RH da Intelligenza IT 

No papel central para transformar o plano em realidade dentro das organizações está o RH, setor responsável pelo gerenciamento dos times internos da empresa e por manusear as melhores práticas a fim de garantir a plena evolução de cada instituição. Para Francisco Pereira, Diretor de RH da Intelligenza IT, maior consultoria nacional de tecnologia SAP para RH, “o profissional da área possui a função de olhar o todo e garantir o direcionamento correto e necessário para as ações das empresas, com o intuito de promover a evolução contínua daquela instituição com foco no ESG e em um modelo de gestão sustentável”, afirma. 

Nesse sentido, para o especialista, o crescimento das iniciativas voltadas para o ESG dentro das organizações, são um reflexo da preocupação dessas instituições em cumprir as metas estabelecidas pelo Pacto Global, cabendo ao RH estudar as melhores práticas que podem ser inseridas dentro das empresas de acordo com as expectativas estabelecidas por cada segmento. 

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