80% dos CEOS Brasileiros Gostariam de Avançar com Maior Velocidade na Agenda ESG

80% dos CEOS Brasileiros Gostariam de Avançar com Maior Velocidade na Agenda ESG

Pesquisa da Bain revela que metade dos entrevistados já sente os benefícios por iniciativas em sustentabilidade já implementadas

A sustentabilidade está no topo da agenda estratégica das organizações. Estudo realizado pela Bain & Company com cerca de 30 CEOs brasileiros revela que esse público concorda de forma unânime que é preciso investir em iniciativas de ESG agora e não apenas no longo prazo. Contudo, dar vida à estratégia de sustentabilidade, estabelecer metas ambiciosas e avançar no atingimento destes objetivos tem sido particularmente desafiador. Mais de 80% dos entrevistados reconhecem os avanços de suas organizações, mas declaram estar insatisfeitos com a velocidade da transformação. 

Mais de 50% dos respondentes apontam que estão começando a sentir os efeitos positivos de ter uma estratégia robusta em sustentabilidade: maior facilidade para atrair capital, amplo acesso a mercados e atração de talentos foram os mais destacados. Eles também apontam que o risco de “não fazer nada” também é crescente, seja por perderem mercado para os competidores que estão agindo, seja por ficarem para trás na corrida por inovações ou acumularem um “passivo ambiental” grande demais em suas operações que poderá se traduzir em custos futuros. 

CEOs de diversos setores têm enfrentado múltiplos vetores de pressão para incorporar elementos do ESG. O quadro a seguir mostra os principais pontos identificados no Brasil e no mundo:

Daniela Carbinato, sócia da Bain, ressalta que “entre os executivos que conseguiram acelerar o programa de ESG em suas organizações há um ponto em comum: todos tratam essa agenda com a mesma disciplina que dedicam aos temas fundamentais para o negócio. Isso inclui metas claras, monitoramento, accountability pelas áreas de negócio, alinhamento de incentivos e cultura organizacional.”

Outro fator que traciona a agenda é a máxima de que “nada se atinge sozinho” em ESG – o engajamento da cadeia de fornecedores, desde os mais transacionais até os mais estratégicos, é crítico para o alcance das metas. Essa mobilização leva tempo e requer uma reformulação na maneira de construir as parcerias, agora muito mais estáveis e menos de curto prazo. Por isso, os CEOs têm acelerado nessa direção e redefinido padrões de engajamento, muitas vezes mobilizando outras empresas. A colaboração pode ser uma peça-chave, seja para destravar agendas regulatórias ou cadeias de valor, como a reciclagem. 

Além da necessidade de regulação e engajamento de fornecedores, a agenda ESG ainda carece de agilidade para incorporar a sustentabilidade na tomada de decisão cotidiana das áreas de negócio e, principalmente, clareza da equação de valor. As empresas que conseguiram contornar a barreira dos “retornos sobre os investimentos” atuaram com pragmatismo e foco na captura de valor no curto prazo, ao mesmo tempo em que estabeleceram mecanismos de mensuração de suas externalidades, sejam elas ambientais ou sociais. Essa prática lança luz sobre os “custos ocultos” de não adotar práticas de sustentabilidade e ajuda a balancear a equação de valor dos projetos e acelerar decisões mais disruptivas. Poucas organizações divulgam publicamente essa abordagem, porém alguns líderes apontam essa iniciativa como uma alavanca importante para facilitar o acesso ao capital “verde”. 

Para transformações mais estruturantes será imprescindível a inovação de produtos, modelo de  negócios e foco. Outro estudo da Bain, com mais de 600 executivos do setor de Óleo e Gás, indica a expectativa de 25% do capital investido das grandes empresas em novos modelos de crescimento, muitos deles em inovações verdes. Para muitos CEOs, o ESG abre possibilidades de novos negócios em muitos  segmentos – ter clareza sobre essas oportunidades e ser o primeiro a ocupar esse espaço é considerado estratégico.  

5 lições aprendidas para tirar a agenda ESG do papel 

O estudo da Bain mapeou cinco boas práticas comuns às empresas que conseguiram progredir e são destacadas por seus líderes como elementos fundamentais da transformação:

– Definir metas ambiciosas e torná-las públicas;

– Conectar metas de sustentabilidade com objetivos de negócio e incentivos dos executivos;

– Mensurar o impacto que a empresa gera para a sociedade;

– Engajar fornecedores;

– Incorporar o ESG na cultura e na visão da empresa.

Apesar dos inúmeros desafios, a agenda ESG veio como um imperativo e os CEOs estão conscientes e comprometidos em avançar. Aqueles que se atrasarem nessa jornada sabem que correm risco de perder mercado, seja pela crescente demanda dos consumidores e acionistas, mudanças regulatórias ou defasagem tecnológica. Ao agir prontamente, integrando de forma sólida as iniciativas ESG em suas estratégias de negócios, os executivos podem garantir o crescimento de suas organizações e contribuir para um mundo mais sustentável.

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